— Existia uma preocupação em cuidar do corpo. Em vê-lo preservado. Como esta percepção ocorreu, é uma dúvida. Porém, para nós, é surpreendente encontrar um esqueleto inteiro de 6 mil anos — afirma Luiz Souza, arqueólogo da Universidade Federal da Paraíba(UFPB).
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O local, portanto, é uma evidência da religiosidade entre os povos pré-históricos que habitaram solos cariocas e brasileiros.
— Era o local de memória dos mortos, o que evidencia uma relação de divindade que estas comunidades possuíam. Era um ritual extremamente sofisticado — conta Maria Dulce.
CORPOS ACABARAM PRESERVADOS
As elevações eram formadas por camadas compostas de diferentes materiais. Quanto mais resistentes, mais utilizados eram. Por este motivo, as conchas acabaram sendo usadas sistematicamente e, por serem formadas de cal, os corpos foram preservados nos sambaquis. Devido a esta preservação natural é possível compreender como os sambaquieiros viveram, que alimentos consumiam e outros traços fisiológicos analisando as ossadas encontradas, apesar da passagem de milhares de anos.
O local, portanto, é uma evidência da religiosidade entre os povos pré-históricos que habitaram solos cariocas e brasileiros.
— Era o local de memória dos mortos, o que evidencia uma relação de divindade que estas comunidades possuíam. Era um ritual extremamente sofisticado — conta Maria Dulce.
CORPOS ACABARAM PRESERVADOS
As elevações eram formadas por camadas compostas de diferentes materiais. Quanto mais resistentes, mais utilizados eram. Por este motivo, as conchas acabaram sendo usadas sistematicamente e, por serem formadas de cal, os corpos foram preservados nos sambaquis. Devido a esta preservação natural é possível compreender como os sambaquieiros viveram, que alimentos consumiam e outros traços fisiológicos analisando as ossadas encontradas, apesar da passagem de milhares de anos.
No sítio arqueológico de Jabut
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/descoberta-de-sambaqui-no-galeao-traz-novos-elementos-para-compreensao-da-pre-historia-carioca-15659809#ixzz3V1l3K7ES
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No sítio arqueológico de Jabuticabeira II, em Santa Catarina, foram encontrados 42 mil esqueletos. Estudos apontam que esta comunidade permaneceu na região por 900 anos, o dobro de tempo da fundação da cidade do Rio, comemorada este ano.
— O senso comum sugere que o Brasil foi inventado pelos portugueses. Somos profundamente devedores aos nossos nativos. Eles viveram em nossas costas durante muito mais tempo do que qualquer outro povo. É nossa obrigação investigar como eles viviam — afirma Maria Dulce.
A própria localização dessas comunidades já é uma pista para entender como era a vida dos cariocas pré-históricos. Os sambaquieiros escolhiam regiões onde pudessem encontrar peixe em abundância. Locais com mares, rios, mangues e florestas próximos eram seus preferidos.
A grande base de subsistência dos sambaquieiros era a pesca. Por meio das ossadas, vemos que existiram comunidades que ficaram em locais durante cem, 200, até 900 anos. Obter comida era uma necessidade diária. Não havia como caçar ou pescar e armazenar. Mas também já foi possível apurar que eles tinham manejo com vegetais — afirma Maria Dulce.
A EXTINÇÃO DOS POVOS PELOS TUPIS
A longa permanência dos sambaquieiros foi interrompida com a chegada de um inimigo vindo de longe. Os tupis, indígenas oriundos da Amazônia, avançaram por quase toda a extensão do território brasileiro e, ao chegar ao litoral, empreenderam uma guerra contra os povos locais.
— Os tupis tiveram um processo de expansão muito forte. Eram movidos pela guerra, tinham a lógica da incorporação do outro e exerciam o canibalismo. Daí, era natural que os tupis invadissem o território dos sambaquis. Alguns sambaquieiros morreram
.
nestes conflitos. Os que conseguiram sobreviver acabaram não conseguindo ressurgir como comunidade — conta Maria.
O próprio nome sambaqui é de origem tupi: tabã significa conchas e ki, amontoado.
As comunidades acabaram destruídas, mas não foram os tupis que arrasaram a maior parte das elevações construídas pelos sambaquieiros durante milhares de anos.
Por este motivo, é raro encontrar sambaquis em grandes centros urbanos, como o do Galeão.
— Apesar de não termos achado um esqueleto humano nele, é muito importante o estudarmos, porque eles são os testemunhos dos primeiros habitantes da costa do Rio — diz Maria.
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